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Contenção: “Encontrar uma forma de aceitar a situação porque não podemos fazer de outra forma”, aconselha uma psicóloga de Perpignan

Liliane Soubira, psicóloga de Perpignan, detalha os riscos psicológicos, mas também seu conselho, para enfrentar um provável novo confinamento.

Quais seriam as consequências de um novo confinamento?

Isso terá impacto sobre as pessoas que terão que reorganizar suas vidas com, talvez, o teletrabalho, mas também a gestão de crianças. E, essa reorganização pode ser muito provocadora de ansiedade. O confinamento também promove o isolamento, já que você pode se ver isolado da família e dos amigos. Tudo isso pode ser um fator em distúrbios somáticos ou do sono.

Os franceses já se depararam com essa situação, como esse segundo confinamento seria vivenciado de forma diferente?

Na primeira vez, nunca tínhamos passado por isso e todos pensamos que seria pontual. Muitas pessoas já disseram para si mesmas: “Estamos fazendo isso a sério e vai passar. Quando acabar, tudo vai voltar ao normal”. Desta vez, as pessoas vão se deparar com uma incerteza real, um fardo. Vimos que, após o primeiro confinamento, nada voltou ao normal. Em março, estávamos em um período em que os dias iam ficando mais longos, os franceses começaram a cozinhar, a jardinar … podia ter um lado “gostoso”. Hoje é o contrário, os dias são mais curtos, ficamos mais sensíveis à queda de luz, todos esses fatores podem aumentar a ansiedade. Devemos perceber que o confinamento afeta todos os estratos da sociedade, mesmo no nível econômico. Quem acaba de iniciar um trabalho temporário, os alunos que procuram estágio ou mesmo todos os trabalhadores com contrato a termo ou temporário encontram-se na total incerteza.

Praticar meditação pode trazer um pequeno benefício, é sempre necessário

O primeiro bloqueio fez com que os pacientes passassem pela porta do seu consultório?

Cada pessoa reage de maneira diferente, mas você pode dizer que conheci dois tipos de pacientes. Aqueles que não apoiaram este período. Outros que, antes de tudo isso, tiveram dificuldades no trabalho, esgotamento ou assédio e para quem o confinamento funcionou como uma bolha na qual encontraram conforto. Mas isso não significa que eles experimentarão uma contenção. No meu consultório, começamos avaliando o nível de ansiedade, procuramos onde está a fraqueza. Também trabalhamos a relação com o corpo, por meio do relaxamento, por exemplo. Por fim, também é necessário identificar as pessoas que podem estar em perigo, pois esse confinamento pode acentuar ou até gerar violência.

Você tem algum conselho sobre a melhor forma de enfrentar as próximas semanas?

A ideia é encontrar a melhor forma de aceitar a situação, pois não podemos fazer de outra forma. Temos que encontrar estratégias de adaptação. Praticar meditação pode trazer poucos benefícios. Mesmo que seja mínimo, temos que dizer a nós mesmos que ainda é uma pegadinha.

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