Para compensar a ausência de uma de suas atrizes, contate o caso Covid-19, a novela da França 3 “Plus belle la vie” recorreu ao “deepfake”, um truque digital que consiste em substituir um rosto por outro, explica seu produtor para a AFP na segunda-feira.
Sem ter contraído a doença, a atriz Malika Alaoui, que interpreta Mila no Mistral, teve que se afastar temporariamente dos sets no mês passado após ter entrado em contato com uma pessoa positiva para coronavírus.
A produção anunciou então, em nota de imprensa, a sua decisão inédita de “contratar outra atriz”, Laura Farrugia, “para retomar temporariamente o seu papel” no “coração das intrigas do momento” desta série diária produzida na hora certa.
Mas Malika Alaoui será mantida na tela – pelo menos sua voz e seu rosto – em três episódios que ela começou a gravar, disse a produtora, Géraldine Gendre, confirmando informações do JDD.
Quatro sequências foram então filmadas com Laura Farrugia, o rosto de Malika Alaoui incrustado no dela usando a técnica “deepfake”, “uma espécie de fotomontagem de vídeo” característica de aplicações como “Reface” (que permite que seu rosto seja enxertado no de uma estrela) , explica à AFP o produtor de “Plus belle la vie”.
De acordo com o Journal du dimanche, que fez uma prévia de uma cena, “a diferença é quase indetectável”. A produção contou com o youtubeur francês Faker, já solicitado para o programa “C’est Canteloup” na TF1.
Os episódios em questão vão ao ar a partir de terça-feira. Malika Alaoui não retornará ao ar até 28 de dezembro, especifica a Sra. Gendre.
De 26 de novembro a 28 de dezembro, a personagem Mila será interpretada por Laura Farrugia, sem “deep fake”. Portanto, esta é outra novidade para esta série, já que até agora, nenhum dos vários personagens mudou de intérprete ao longo do caminho.
Em 16 anos de existência, “Plus belle la vie” já recorreu a subterfúgios face à eventual ausência de actores, como substituir “uma amiga” por outra numa conversa ou transformá-la num telefonema. Mas as sequências de Malika Alaoui “não se prestavam”, desenvolveu o produtor, contando com a “benevolência” dos telespectadores num período difícil.
Um banner vai avisá-los da substituição temporária da atriz, preferível ao fim de um programa que represente “800 a 1000 contratos de intermitente por mês”, insiste.
Os “deepfakes” se espalharam desde 2017 na internet por meio de vídeos humorísticos ou pornográficos, levantando grandes preocupações sobre seu potencial de desinformação.