Mil manifestantes atacaram um supermercado Carrefour na cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil, na sexta-feira, onde os seguranças da loja espancaram um negro até a morte.
O homicídio, que gerou uma onda de protestos em todo o país, ocorreu na noite de quinta-feira depois que uma funcionária de uma loja chamou seguranças após um homem ameaçar agredi-la, informou a TV a cabo GloboNews que cita policiais militares do Estado do Rio Grande do Sul.
Imagens amadoras dos golpes fatais infligidos a ele foram postadas nas redes sociais. A vítima, identificada pelo pai, chamava-se João Alberto Silveira Freitas, um homem de 40 anos.
Em nota divulgada na sexta-feira, a filial brasileira do Carrefour disse lamentar profundamente o que chama de morte brutal e anunciou que tomou medidas imediatas para garantir que os responsáveis sejam punidos legalmente.
Ela acrescenta que o contrato com a empresa de segurança externa será rompido e que o gerente da loja no momento dessa intervenção fatal seria demitido.
Em sua conta no Twitter, Alexandre Bompard, CEO do grupo Carrefour, expressou em português sua “profunda emoção após a morte do Sr. João Alberto”.
“As imagens veiculadas nas redes sociais são insuportáveis. Pedi às equipes do Carrefour Brasil que cooperassem plenamente com a justiça para que toda a luz fosse lançada sobre esses atos hediondos”, acrescenta, segundo tradução enviada pelo Carrefour.
Desejando que o Carrefour Brasil “se comprometa além das políticas que já carregamos”, solicitou “uma revisão completa das políticas de treinamento de colaboradores e subcontratados, em termos de segurança, respeito à diversidade e valores de tolerância”.
“Esta auditoria, acrescenta, será seguida de um plano de ação definido com o apoio de entidades externas para garantir a sua independência”.
Em Porto Alegre, os manifestantes distribuíram adesivos com o logo manchado de sangue do Carrefour e pediram o boicote à rede de distribuição.
A violência explodiu à noite, quando os manifestantes quebraram as janelas e atacaram os veículos de entrega estacionados no estacionamento da loja. De acordo com um repórter da Reuters, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Outras manifestações visando as bandeiras do Carrefour aconteceram no Brasil.
Em São Paulo, dezenas de manifestantes quebraram as vitrines de uma loja do Carrefour, arrombaram as portas e invadiram o prédio, derramando produtos nos corredores antes de se dispersarem. No Rio de Janeiro, quase 200 pessoas se reuniram em frente a uma loja do Carrefour.
O dia 20 de novembro, feriado em várias regiões do Brasil, é comemorado como o Dia da Consciência Negra.
Os negros brasileiros têm quase três vezes mais probabilidade de ser vítimas de homicídio do que outros, de acordo com estatísticas do governo de 2019.
“A cultura do ódio e do racismo deve ser combatida na sua fonte e a lei deve ser aplicada com todo o seu rigor para punir quem promove o ódio e o racismo”, comentou Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Baixo do Congresso.