O Tribunal de Justiça Criminal da Audiência Nacional de Madrid julga na terça-feira, 10 de novembro, três supostos integrantes do comando terrorista responsável pelos dois ataques jihadistas cometidos em 17 e 18 de agosto de 2017 em Barcelona e Cambrils.
Há mais de três anos, em pleno verão, no coração de Barcelona, um único terrorista semeou a morte na famosa Rambla apinhada de turistas, ceifando 14 pessoas, ferindo mais de cem caminhantes e acrescentando um décimo quinto fatal vítima durante o voo que durou cinco dias, antes de ser morto a tiros por agentes da polícia catalã de Mossos d’Esquadra. No dia seguinte, o resto do comando atacou os caminhantes da orla marítima de Cambrils (Tarragona), matando uma mulher e semeando, também ali, neste passeio Tarragonês, dezenas de feridos. Um duplo ataque reivindicado pelo Daesh. O mais sério de todos os tempos na Catalunha, envolvendo membros da comunidade muçulmana – incluindo seu imã – que vivem em Ripoll, uma pequena cidade no interior da Catalunha, localizada no sopé dos Pirineus. Da dúzia de membros da célula, conhecidos ou suspeitos, três estão vivos: Mohamed Houli Chemlal, sobrevivente da explosão no armazém de explosivos de Alcanar, Dris Oukabir, irmão mais velho de um dos participantes do ataque a Cambrils, e Saïd Ben Iazza, suspeito de colaboração ativa na preparação dos ataques.
Principal acusado, Mohamed Houli Chemlal salvou a vida porque tinha saído para fumar um cigarro, pouco antes da explosão do hangar isolado perto da praia de Alcanar, aldeia no extremo sul da província de Tarragona, onde o comando que tinha armazenou cem cilindros de gás e manipulou explosivos. Somente após os dois ataques os investigadores farão o link. Mohamed Houli, sem dúvida, passará longos anos na prisão, a acusação reclamando contra ele 41 anos de prisão, uma pena que a Generalitat da Catalunha, nas fileiras do partido civil, quer aumentar para 46 anos. Mas as vítimas feridas nos dois ataques dizem estar muito decepcionadas porque os principais acusados vivos não serão julgados por assassinato. Não mais do que os outros dois supostos membros da célula jihadista que também aparecerão na terça-feira. Estes dois correm o risco de 36 e 8 anos de prisão, respetivamente.
Vários parentes das vítimas, incluindo Javier Martínez, pai de uma criança de 3 anos, irrompeu na Rambla, consideram que ao marginalizar o papel dos três acusados, as revelações perturbadoras do diretor deles, Mohamed Houli não ser tidos em consideração. Durante a investigação, este último assegurou que o comando estava de fato preparando um ataque explosivo contra a basílica da Sagrada Família. A possível responsabilidade (pela não assistência a pessoas em perigo) dos agentes dos serviços de inteligência espanhóis (CNI e CITCO) que supervisionavam o imã estaria, segundo ele, assim protegida. “Este julgamento é o do assassinato de meu filho, de seu tio e de outros mortos”, exclama o pai da pequena vítima nas páginas do jornal Ara neste domingo.